Aqui fica mais uma contribuição, que desde já agradeço, de um fã do "Tá Mal!" que prefere manter o anonimato (pois que seja!):
"Esperámos toda a semana, na expectativa de ver surgir na edição seguinte, uma reacção ao texto que teve honras de primeira página da Gazeta das Caldas nº 4670, com o título "Câmara das Caldas contra a construção de um centro comercial nas Gaeiras".
A reacção que esperávamos ver, em nada dizia respeito ao assunto em título, mas sim a uma declaração atribuída a um Eng. da Câmara de Óbidos quando este diz: "altamente significativo para a região de Óbidos onde o concelho das Caldas se insere... ".
Se não foi muito notado, apesar de estar na primeira página, a nós chocou-nos particularmente.
A reacção que surgiu não passou de uma guerra de umbigos…
Na realidade a provocação faz-nos pensar naquilo que Óbidos, meritoriamente, tem vindo a conquistar.
Exposição e reconhecimento a nível nacional, sendo uma das autarquias de maior sucesso em termos mediáticos do país, com todos os benefícios que daí retira. Basta que por lá passemos num qualquer dia da semana para ver a quantidade de turistas que por lá se passeia, acabando sempre por comprar alguma coisa.
E faz-nos pensar também em tudo o que as Caldas tem deixado perder.
Até há bem pouco tempo, não se vinha a Óbidos, vinha-se às Caldas e depois passava-se por lá a caminho de Peniche.
Há alguns anos as atracções eram as feiras da fruta e da cerâmica, não a do chocolate ou a medieval.
Há pouco tempo comprava-se Licor Malandrice e não Ginja.
Desde sempre que a Praça da Fruta foi procurada por turistas e não a Rua Direita.
A igreja da Nossa Senhora do Pópulo chegou a rivalizar com a de Sta. Maria.
Durante muitos anos, pessoas com capacidade económica acima da média passavam férias na Foz, agora fazem-no na Praia d'el Rey ou no Bom Sucesso.
Antigamente o sonho de qualquer futebolista da região era jogar no Caldas, actualmente o Óbidos oferece melhores condições aos seus atletas e corre-se o risco de em poucos anos ultrapassar o nosso clube nas competições. Eles criaram condições para o seu clube cresça, nós tentamos matar o nosso, retirando-lhe o pouco que este ainda tem (falamos objectivamente das receitas dos placares publicitários, por ex.).
Empresas com alguma dimensão a nível nacional mudam-se para o concelho de Óbidos porque têm melhores condições e incentivos.
E nós ficamos com a Associação de Municípios...
Nós fazemos obras megalómanas para a cultura, eles têm cultura sem obras...
Esta pequena reflexão/provocação pretende apenas espevitar (se é que ainda se consegue) as consciências para a letargia da nossa cidade, que permite a um vizinho, tamanha provocação sem que nós possamos ripostar.
As Caldas é, e será sempre, um ex-libris do Oeste e do nosso país. Muito considerada e respeitada por todos, mas que tem que pensar em formas melhores e mais eficazes para se auto-promover que não as festas brancas onde aparecem duas ou três actrizes ou na festa dos pais e filhos numa qualquer discoteca, para aparecer em revistas de jet-set.
Somos uma cidade de serviços, e nisso somos bons. O nosso comércio é elogiado. Para que ele continue, a maior preocupação não pode ser o que os outros estão a fazer, mas sim o que nós fazemos para que ele não acabe.
Sobre o artigo propriamente dito, que moral pode ter alguém, para vir em defesa do comércio, estando contra centros comerciais, quando ainda há pouco tempo licenciou um dentro da cidade e tem outro em banho-maria. Tem uma dezena de hipermercados, com dois recém inaugurados.
Com todos estes tiros, se o comércio tradicional ainda não morreu, também já não morre! O que leva a crer que se está contra o Plaza Oeste porque não somos nós a fazer e a isso chama-se… inveja!"
